Camponesa suja e fétida,
Dançando melodias hereges e pagãs
Até embriagar-se tépida,
Sejamos irmãs.
Camponesa mal-trapilha
Descarnada, castanho desgrenhado,
Pele do Sol, de mil trilhas,
No rito, culte o Empenhado.
Camponesa teutônica,
Sempre de má fama na aldeia
Causa suspiros amorosos de vômica,
Com este condimento, por favor, uma ceia.
Camponesa de olhos bestiais,
De primeira, lançou-me um sortilégio.
Tua carne é podre mas sem iguais,
Quero lamber dela o privilégio.
Camponesa, criatura incorreta,
Foje ao sabá, bebe sangue, goza outras
Vende-se inteira à Felina Preta,
Nosso tribadismo valerá cada gota.
Camponesa imunda profunda,
Descruza as pernas, conduz a cruz.
No terço da igreja, um meio muda
Saibas, este teu ateísmo me seduz.
Camponesa, escrava do Malígno
Desconfias leis divinas - são dos homens,
Os que, em piedade, dão-te o poste ígneo.
Nele, por ti, arderia desde ontem.
Camponesa filógina,
Das companheiras, espreitas as saias e os contornos
Se com o olhar as despe, de mãos se faz andrógina.
Convido-te ao meu gineceu - floresçamos mil gozos.
Camponesa! Camponesa! Camponesa...
Dos céus abaixo, só tu me queres boa sorte
Teu opróbrio dá-me esta certeza.
Riqueza, o resto, deseja-me de morte.
Camponesa, disparei meu amor pela janela
Quando te vi, e refletiste no rio dos meus olhos.
Sem ti, vida sem nexo, acabem com ela...
Ainda não - não me contento só com o que olho.
Camponesa, repito, adentre meu castelo
Ou então fujirei ao teu tugúrio
Preciso ver de novo o quão teu ser é belo
E no fundo, ritualisticamente, beijemo-nos nesse augúrio.
Camponesa, em nome dos Anjos Caídos,
Devoto a ti, todo meu amor sáfico,
Prazeres por mim, ainda desconhecidos
Preciso desfrutá-lo o mais rápido.
Camponesa, calma, lenta,
Como difícil foi lhe render este arcano.
A mesma que sou, tua alma alenta
Ainda, que leve, para tomá-la um ano.
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