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sábado, 7 de abril de 2012

Vício

Tenacidade turbulenta e veloz 
congestionando fluxos empíricos e energéticos 
tão cega e sutil como a rápida vertigem da víbora 
evaporando esforçadamente suas vísceras numa nuvem negra, 
entoxicando sem dó os retardatários 
e retardando a condolência em vitupérios abjetos e venenosos, 
sagrando-se vencedora de vida vencida pela data 
além do fuso inalcançável da efervescência 
exagerada do alvedrio vora
de verter pelas vênulas estouradas toda a sagaz ira 
da perene melodia raivosa e sã, 
enviando dardos desvertebradores na alma da impiedade dos vencidos, 
dinamizando a ação do vendaval nos aves avermelhados, 
sem vergonha de vomitar vermes suculentos 
e desafiar o primeiro dos primeiros a dançar a valsa dos invencíveis 
e jamais estancar o vir a ser que definha vida 
e se agarrar no curso taquicardíaco, 
não mais racionando pela razão 
e desmoronando todas as objeções de fracasso, 
rejeitando até, 
em vista do pulsar demasiado pleno e quieto 
e brando e rigoroso 
e tenso e frântico, 
a vida na vala.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Tudo Menos o Nada

Recuperando o que sequer perdi.
O nada machuca,
é uma arma fria
que mantenho comigo há tempos
e às vezes resolvo emprestar
a pessoas que se ofendem
e a devolvem com ferozes rostos.
Eu não posso fazer nada...
Está dentro de mim,
um vácuo,
preenchido seja por pejo ou desejo.
Quando se preenche é quando eu o empresto.
Se conheço o desfecho,
por que continuo?
Já disse o que posso fazer...
O nada me consome,
o mesmo nada que criou
tua aversão me tira da razão.
Nada vejo no teu rosto
e no entanto nada me impede
senão esse mesmo nada.
Eu nado na dor
desse rio vazio
e ascendo na neblina púrpura
de miríades perjuradas no horizonte
e só eu sei que isso nada é.
Mas quando o rio se enche
com uma maré de vergonha
todos vêem e ninguém se cala.
O murmúrio é mais tresloucado que esse nada,
ressoa nos cantos,
volta, se esconde, e caso ninguém o ouça,
tenha certeza que ao menos ele ecoa
e isso já basta para preencher
esse nada que aliena-se do meu.
Eu testo o eco;
quanto mais berro mais doem meus ouvidos.
Depois de tudo
nem posso agradecer por nada que me reservaste,
para ter o prazer de te ouvir dizendo
"de nada".