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domingo, 8 de maio de 2011

Mãe Morte

I

Jante comigo na fome
Tome os talheres da inanição.
A Vagareza e o Atraso
Logo vem nos servir.

Partindo ou ficando,
Saiba que minha porta é o Precipício
E que descanço na Preocupação.
Suspire esta atmosfera de Vácuo.

O meu castelo é guarnecido
Com o Sofrimento,
Paredes de outros mundos.

Minha esquerda é deteriorada.
Minha direita é virgem.
Assim sou justa - tu me mereces.

II

Cabisbaixa perpétua,
Fito-te forte
Passo feito vento,
Um frio alerta

Gotejo tua vida e nem sentes.
Piscar inevitável, certo e curto.
Foges, mas é hora do Sossego.
Sou dos piscares, o mais definitivo.

Sou tão banal,
Mas gozas só ao falar de mim,
Mas ignora minha vez.

Teu riso é chaga que te faço.
Teu choro é bálsamo que te escorro.
Quanto mais te afastas, menos te livras.

III

Por que meu nome nem falas?
Em mim tomas a inspiração.
Sou as treze cicatrizes que trazes.
Cure-as, jogue na minha Expiração.

A tua vontade é desinteressante
Aonde quer que leve teu rumo,
Tua rota, estrada ou destino,
No fim encontrará meu trono

E finalmente beijas meus pés.
Sem relutâncias inúteis,
Entregues estás.

As desculpas confessas
Aceito inflexível.
Meus aposentos, teus.

IV

A Verdade é revelada.
O Gozo é infinito.
Às descobertas do meu tálamo
Declaras-me Mãe.

Puxei-te a esse incesto
A tua vida inteira,
Agora caiamos nele
Pois basta de Amor!

Agora o orgasmo
É a inexistência,
Fácil, certo e belo, como eu.

Mãe infanticida eu.
Lógica e Sentimento recaem em mim.
Meu presente, filhos da Morte!

dia das mães

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