Play music

sábado, 16 de outubro de 2010

Altar

Um imprevisto.
Garanto que não mais para ti do que para mim.

Adentro a catedral, enfeitada e ansiosa,
Mas estranho um deserto silencioso.
Nenhum murmúrio, nenhum ruído,
Só um misterioso silêncio ouço,
Com esforço, cruzando os dedos
Para que eu esteje errada.
Resbalam-me ao ouvido vozes
Que sussurram aparentes desolações.
A calma não muito dura,
Ergo-me profusa, buscando augúrios.
Refletindo o silêncio que ouvira
Eles são dos piores pensáveis.

Confirmadas as recentíssimas expectativas
Saibo que tu não vens - que surpresa...
Inexpressiva, curvo-me e agradeço,
Nada me resta a deixar a catedral, tão cedo.
A inexpressão se desmancha nos meus passos
Vagarosos, refletindo minha completa desolação.

Desço os degraus e desço em desânimo em mim,
Desditoso imprevisto, desditosa suspresa...
Será que tu sumiste só por quê gosto de ti?
Ânimo? Vontade? Força? Vivacidade?
Não diz-me isso a catedral que se desmancha.
Mancha meu vestido prendado, preparado a ti.

Passei dias empolgada, calma mas apreensiva
Por essa alinça em cima do altar,
Por esse sim de afetuosa sinceridade,
Por esse juramento inexorável aos olhos divinos,
Por esse sacramento de amor mútuo perene
Por esse beijo, prímicias da noite primeira.

Certo, amável, tome teu caminho!
Teu cadáver animou meus sentidos
E agora só há no meu sangue ódio.
Rancor do teu incorrespondido amor
Adorna meu véu, uma rosa negra
E juntas, crescemos à uma nova via

Via ele no altar pagão,
Beijando aquela a quem eu desejo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário