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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tentando se Redimir

Milhares de desejos suicidas
Finalmente brotam na minha cabeça
Mais uma vez renascem, frutos da
Ira - incompreensão de uma sentença

Vocifero vitupérios e calúnias
Sem dó nem piedade.
Ininteligível marca ambígua
Símbolo de uma lógica de intensidade

Estou possuído pela pior legião.
Rendi-me de joelhos pela resposta.
As horas prosseguem sua lógica iníqua.
Lógica sobre lógica é guerra justaposta.

Revolta! É predizível a você?
Distância! Tempo para refletir.
Diligência! Não me importo mais com nada.
Discrença! Carne nauseante de inferir.

Seu erro foi ter me superestimado,
Sou menos do que aparento.
Meu racionalismo é inócuo,
Da divindade estou sedento.

Portanto esta é a última dádiva,
Círculos e círculos antes dela.
Afinal, diga-me em que peco?
Bane-me por achar a vida bela.

Um aforismo já não explica nada.
Cansei... sigo outro caminho.
Mas você pode, de fato, acreditar?
Ao mínimo tenha fé e não estará sozinho.

Meu transtorno é visível nas chagas.
A fim de remediar, eu decidi crer.
E a ti a quem sempre me preocupo
Eu só queria agradecer...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Confessando Mentiras

Sou carente
E não há ninguém para me consolar
Sou poeta
E meus versos só dão a blasfemar

Não sou mulher
Mas sou muito sensível
Não sou mentiroso
Mas sou pouco crível

Quero provar do melhor
O horizonte enche-se de vermelho
Quero desatar os instintos
A carne lacrimada torna-se espelho

Crença de cacos de sangue espalhando
Leitos de inconformismo brando

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mar Vermelho

Vês-me ajoelhado de vergonha
Porém cansei da trava morta
E quem deseja me destruir
Em meu encalço mira certo

Sou escravo dos instintos
Livramento não me permito
Estanquei na margem da morte
Os inimigos nem precisam se preparar

Subjugado num canto de aperto
Desconsolado na solidão
Esperançoso na infertilidade

Milagre da água para o sangue
Realidade inunda meus olhos
Permita Deus que eu não me atire

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Deceptiva

Caminho de vozes
Rastros de silêncio
A verdade te expia
Num canto tenso

Acalma-te pois
Beleza tão densa
Desvia as vistas
Quando as tuas as prensa

Indignação da mente
Fantasma que sente
Pena minha mente

Um olhar tão decente
Pejo condescendente
Um olhar tão descente

sábado, 17 de setembro de 2011

A Próxima Distância

Mar de dúvidas escarlate
Faz renascer o ódio mais querido
Em mim, mas somente uma parte
Desanda no desejo preterido

Vindo não se sabe de onde
Ondas certas meu ânimo sonda
Ávido por viver no que se esconde
Maré rege em uma só onda

Hoje é um dia vazio
Flertes gélidos no frio
Nauseam-me em risos

Amanhã uma dor nos sisos
Será a moção da minha alma
Queira conturbar - acalma.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Clemência

Imensurável trilha
Mantenha a Luz
Lendo, a filha,
Lágrimas abaixo da cruz.

Jogada bem-feita
Mingua a prata paga.
Seu valor converta
Em direita - em punhos! - adaga.

Doravante amole-a para os dias de guerra
A lâmina ilumina-te por quem um dia veio à terra
A dádiva será uma linha adentro a neblina
Esta espada no escuro é Sabedoria mais fina

Teu nome está errado,
De palavras se proteja.
Teu rosto está deformado,
O Juízo já lampeja

Descrédito em você!
Tão simples me liberto
Lasso eis seu ser
Para o Pai plange no aperto?

Doravante tudo o que gostas irá muito te anojar
O prazer dolorido, um companheiro que nos unirá
O jogo é refletir os flertes na chama que chove
Porquanto no Fim o resultado é sempre nove

Temas -
Cada vértebra da tua coluna
será uma cristalina pedra de gelo.

Repousas?
A verdade mais profunda é a integridade mais radical.
Assine sem ler o armistício.
Renda-se fiel e leal -
Rendas do exício.

Conquanto teu coração jamais jorre tristeza
Haveria na Glória um canto da tua beleza?

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Morte de Hedylogos

esperando pela resposta
por todo o clamor íntimo
esperando pela disposta
por todo o crer ínfimo

escolho meu ostracismo
descrédito visual
escolho meu solipsismo
negação sexual

trocaria a anormalidade pela virgindade?
importância de rir essa verdade

longe da minha presença
no cadafalso não se dá o ato
carnal aliança de sentença
exulto a diadema do celibato

a prezada noiva
cobre-se de branco
adorna-se à boa nova
e flertar é seu pranto

Porque

Só vejo motivo em viver
enquanto me perguntar porquê.

Só vejo motivo em morrer
enquanto me perguntar por quê?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cercado de Facas

Cada vez que falo com vocês
De amargura transborda meu peito.
Meus lábios enchem-se de chagas.
Porém menos que meu ouvido direito.
Insinceras palavras...

Conquanto remoo indignado
No silente arvoredo
Atrelo-me ao solipsismo
À descrença de homens enveredo.
Vazias aljavas...

Comoção de carne é desgosto.
Incrédulo, contristeço o semblante
Por vossas tolas tentações,
Faço ajoelhá-las ao Todo-Preponderante.
Crentes travas...

Crença no meu talento!
Livramento mostrar-se-ão júbilos!
A tribulação há de ser cega
Porquanto sou o último
Cercado de facas.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Máscara da Crueldade

Pereceis em vergonha,
À minha doente visão sois ridículos.
Um fluxo de veloz furor
Devasta predestinado vossos gestos.

Que contraste lastimável...
Desconheceis a dor?
Inundais a vida
Dando as costas ao labirinto.?

Desconheceis a loucura.
Presos na forma humana
Vigiai sem zelo os próximos
 - da morte

No ritmo dos carnosos céus,
Cultivo abaixo à perene chuva
Vossos insultos de sentimentalismo
 - a máscara da crueldade

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eterno Exumado

Perceba que uma exumação
É tão cheia de movimentos
Quanto um espaço em vão
Recheado de sentimentos

Se te minto
Então inspire o mal odor
Que faz evolar-se em absinto
Quem do chão provou a dor

Expire, já não pulsa
Expire, hora injusta
Expire tua culpa

Mas não espere ficar deitado
Mas não espere ser consolado
Mas não espere para sempre exumado

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ênfase Implícita

O mesmo que esse
poema escreveu
não é mais eu.

Obra do Ocaso

Olhaste-me porque sabias quem te pensava?
És mais pálida que o reflexo do sol
Entorpecente da minha noite absorta
Lívida assim podias ser meu diário crisol

Mutismo escorrendo no espaço
Mutualismo do castiçal com a ermitã
Vulnerável em teu véu de meandros radiantes
Visível que és uma dama cristã

Portanto questão não faço
De sequer lhe tocar um dedo
Repouse o que pensas no gineceu

Tranquila que não entendo
O que desenterraste quando me olhava?
Confesso que tenho medo!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cidade sem Mistérios

Tu te ofenderias se por acaso
Eu declamasse tudo que sinto de belo em ti?

Tu te ofenderias se por acaso
Eu contasse que vejo na borda dos teus olhos
Dois rasgos que traçam uma abóboda
Sustentando um céu crepuscular de estrelas?

Tu te ofenderias se por acaso
Eu revelasse que tuas simples unhas
São na verdade lâminas de razão
Que cortam o ar, embelezando-o com a Graça?

Tu te ofenderias se por acaso
Eu lembrasse que teu cabelo
Porquanto louvável, é um véu de poder,
Anjo ascendente, que lhe cobre de honra e decência?

Tu te ofenderias se por acaso
Eu confessasse que a escala da tua voz
É uma melodia que me mesmeriza
Música regente que me trata quando falas?

Tu te ofenderias se por acaso
Eu declarasse o recato de teu caráter,
Pulsando no teu enorme e bom coração,
Uma peleja constante que te faz mulher de Deus?

Porque se tu te ofendes
Pergunto ao Senhor
Se cada virtude dessas
Ele também não percebe!

Se continuas melindrada
Deixa que eu me curvo em respeito
Retiro-me das tuas vistas indigno.
Antes ainda abro as portas do meu coração,
Que dilata a maior tensão da minha cambaleante vida
Para ouvir trêmulo o que quer
Que você queira, eis exposto o meu rosto.

E depois mantendo as portas abertas,
Mesmo já vertendo trilhas de sangue,
Eu, tão logo,
Declaro que te amo.

Assim disse o Senhor
Porque não por acaso
Rendo a Ele
O meu amor.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A Talha do Inferno

Luz serpentuária
Energiza-me a atentar de novo
Realizo meu desejo de vingança

Céu ebâneo
Retorno e me emparelho com
Os demônios que me derrotaram

Por modos sinistros
Luto pelos meus direitos
Apaixonado pela causa

Eu juro que não mais cairei em desespero
Não é era errada
Estou aqui perfumando tua cela

Por todos os cantos
Canto sozinho a vitória
O lugar aonde te mando

Luar escarlate
Descanso do dia estafante
Sinto muita maldade e desperto

Ponteiros blasfemantes
Na linha do erro me percebo
Mas controlo a mente até sobreviver

Eu sou um feitiço mal-feito
Eu me faço tão terno
Eu te mando pro Inferno!

domingo, 17 de julho de 2011

O Eco da Sereia

lógicas lascívias auroram
a noite de determinação perpétua
da virgem desiludida de castos
fazendo-a crer no amor fugaz
flechando de certezas oníricas
um vulnerável coração montanhoso
destinando-a delicadamente
para além da margem de um vale
do qual nada se diz
---------- GINNUNGAGAP ---------

sábado, 16 de julho de 2011

Restos de um Soneto

Ideia de uma mente humana como a minha
Inverso de ninguém sou eu mesmo
Atente-me ímpia Damaris renegada
Abominação ctônica do céu de Eli
Pentáculo diz que o cinco não existe
Embora aquela que traz vitória...
Diga a verdade se ela não for dúvida
Falsa ilusão da solitude se acaba
Raça deplorável, imunda, humana
X - deus é arbitrariamente confuso, juíz incógnito
Num verso concentrado e distraído
Mas fica só em função disso?
Defendo a legítima pena de morte a onze metros
    Você quer capturar o que você quer.
    Você quer capturar o que quer que te capture.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sempre-sendo

Sobressalto ríspido -
assustei-me com
o próprio bater do peito.

Não há como resistir
à trepidação pneumática tamanha.
Vida cinzelada
por uma força estranha
clama pela sentença do martelo.

Bata acelerado
dínamo maldito!
Que é pra ver se
gasta-se mais rápido
de uma vez logo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Treze Doses de Amor

Uma vez eu te amei
Mas quando disto lembrares
considere que meu coração não palpitava.
Mentira -
dizer que uma vez eu te amava...

Treze vezes eu te amei
talvez de uma vez só.
Uma noite tenebrosa velei
Lacrimando e tendo dó
de ninguém, principalmente
de mim mesmo, que ridículo!
Sem a pena em mente
não vale cada linha que te dedico.

domingo, 10 de julho de 2011

Uma Ponte para o Mesmo Lado

Alto da colossal ponta
A cidade eneblina-se
Visão afora
Indistinguível véu
Pálido de horrores
Feito eu

Condensação vingativa
Inexistem sofismas
Além do véu
Continuo cegado
Mesmo na cidade
Chagada

Chagado...
Assim me sinto
Até agora,
Saído do meu refúgio
E retornado ao lar.

Os olhos cobrem-se de sono
Mas me inquieto -
Não é o eterno
Se fosse
Só assim
E tão somente assim
Teria
Chegado

sábado, 2 de julho de 2011

Um Caminho Certo

Uma trilha estranha
Guiou-me por uma densa mata,
Um verde grotesco
Ao contra-pé
Do meu desespero
Sou atacado
Por um marmóreo cemitério.
Parece uma cidade
Com seus arranha-céus
Que brotam do inferno
Agredindo o firmamento
Com ríspidas cruzes.
Eis aí a única cidade
A qual pertenço.

sábado, 25 de junho de 2011

Quando Um Sabe, Todos Sabem

Quando um sabe, todos sabem.
A discrença é o que resta a cada um.
Prefiro estagnar-me no silêncio
A palavras devotar no extenso
Auditório que é um ouvido.
O desprezo é bom enquanto dura,
Até à hora que ninguém aguenta -
Há alguém que ama quando se afugenta,
Na solidão mata a todos com pressa
Igual a de quem do rosário faz uma prece.
A falsidade é uma flor verdejante
Que nasce no coração dos amantes,
Seu sustentáculo é a vigilância
Do ciúme, tão delicado e afável!
Sua poda é o poder do ódio,
Lâmina de um jardineiro periódico
Uniformizado com uma capa preta,
Faz deste jardim dos amores
Um sulfuroso laboratório químico.
Rega as plantas com ácido clorídrico.
Botânico letífico e inflexível
Tornou-se o chato companheiro.
Zomba das abelhas com inseticida
Poda o que quiser, mas não da esquecida
Faz menção, a que mais que ele pode
É a que espreita tudo do fundo
Do seu jardim de sepulturas,
A qual jamais um sorriso fulgura
Mas ama o caos da discórdia,
Ama cada estúpido vivente,
Porque sabe que tão logo
Estará com toda a logos!
Bastarda punida, enche-se
De maldições, sortilégios e pragas
E lança-os quando alguém a cumprmenta
Em seguida, do coração pára-se a tormenta
Parece atormentada, mas é seu charme
Que cheira a um cravo-de-defunto,
Uma conquista de função certa e única -
Fazer da mortalha tua túnica
O tempo é justo quando
Paga a pecadora pela justa,
Pessoa sem noção a cair
Nas mãos duma deusa do porvir.
Quando um sabe, ninguém sabe...
Que eu sou essa letal deusa!
Quem usa a sinistra lâmina sou eu
Contra você -
Meu nome é Hel!!

sábado, 18 de junho de 2011

Amargura

Que posso dizer?
Tácito não sei.
Tendo a declinar em dúvida,
Nessa sabedoria inútil
Que vai te entender...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Enlaçado de Novo

Não sei se é uma trapaça
Não sei se é um engano
Não sei se desenlaça
Não sei se te amo
De uma vez pela eternidade.
Mas posso de vez decair
Na cova do porvir,
Esquecida a veleidade
De tua mão alisar,
De teu ventre beijar,
De teu íntimo gozar.

No fundos dos teus olhos - um laço de corvo.
O sangue faz laços por todo meu corpo.
O sol revela que me enlace só em ti morto.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Vi: Vence-a!

Agonia indecifrável dilata meu coração
não nego que em mim um sentimento freme
mas temo que suceda-se a negação
e dela cair num pessimismo que não discerne
o caminho da morte do da vida.

Domina meu corpo paralisia latejante
Desejo e vejo, estanco e pranto.
Incomoda meu ar calma irritante
quero ir ao teu encanto
com a ânsia de viver vendida.

O círculo de dor é um calafrio
que tão cedo assim me choca.
Desistir é sonhar - um rio
além da estilhaçável rocha -
a morte convida.
A mim,
A ti,
A todos nós,
Nessa ferida vencida
nominada vida.

sábado, 11 de junho de 2011

No ângulo do silêncio
Atrás do vidro
Absorto no vácuo
Na velocidade da luz

No ângulo do silêncio
Um berro inaudível
Defeito de existência
De efeito doppler

No ângulo do silêncio
Fórmulas incógnitas
Resolvem-se calar,
Resolvem se calar

Destino retilíneo uniforme
Movimento invariável que dorme

No Ângulo do Silêncio

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quando Anjos Dormem

O que aprisiona tudo
num disfarce,
Uma linha
num oráculo.

Meu nome permeia o teu
e nem percebes.
Perece em bens
meu prêmio no teu amém.

Erga tuas asas de breu,
folhearam o enigma que te persegue.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Observador do Ódio

Lua mais bela que o Sol
Tábuas pisadas não querem dizer nada
Triângulo invertido - mistério do crisol
Fim na cruz da palavra pregada

Quinhentos e noventa negativo
Círios caninos do guardião tumular ímpio
Sacramento maldições de morto-vivo
Desventuras perenes cego sigo

Gestação do traidor da humanidade
Mando e desmando no alvedrio
Babilônicas gesticulam a maldade
Um dos da mesa traiu

Morte ao Anjo Custódio!

domingo, 22 de maio de 2011

Uma Prece Contra Todos

Oh, anjo da minha sombra!
Nessa hora de solipsismo
Guarde-me nas trevas
Dos mortais de egoísmo

Hel ponha minha alma a caminho
Das vertigens da tentação
Em mim alimente os sonhos
E as sofreguidões do coração

Oh, anjo da minha sombra!
Por mim pede a Virgem de Fogo
Que me atire no abismo
Enquanto for morto

O que sempre acontece
Nunca vem de uma prece

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trevas com Garra

Preto feito opróbrio
É o espinho que fere a si próprio
Pretensioso diante do espelho
Consome-se em dor voltado a si mesmo

Só dói quando toca
A lente que lhe desfoca
Pungente que só, o alente -
A si próprio fere e nem sente

Carne virgem, carne apodrecida
Doendo juntas na mesma ferida
Desejando aquilo que as detêm
O mesmo que ambas têm

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe Morte

I

Jante comigo na fome
Tome os talheres da inanição.
A Vagareza e o Atraso
Logo vem nos servir.

Partindo ou ficando,
Saiba que minha porta é o Precipício
E que descanço na Preocupação.
Suspire esta atmosfera de Vácuo.

O meu castelo é guarnecido
Com o Sofrimento,
Paredes de outros mundos.

Minha esquerda é deteriorada.
Minha direita é virgem.
Assim sou justa - tu me mereces.

II

Cabisbaixa perpétua,
Fito-te forte
Passo feito vento,
Um frio alerta

Gotejo tua vida e nem sentes.
Piscar inevitável, certo e curto.
Foges, mas é hora do Sossego.
Sou dos piscares, o mais definitivo.

Sou tão banal,
Mas gozas só ao falar de mim,
Mas ignora minha vez.

Teu riso é chaga que te faço.
Teu choro é bálsamo que te escorro.
Quanto mais te afastas, menos te livras.

III

Por que meu nome nem falas?
Em mim tomas a inspiração.
Sou as treze cicatrizes que trazes.
Cure-as, jogue na minha Expiração.

A tua vontade é desinteressante
Aonde quer que leve teu rumo,
Tua rota, estrada ou destino,
No fim encontrará meu trono

E finalmente beijas meus pés.
Sem relutâncias inúteis,
Entregues estás.

As desculpas confessas
Aceito inflexível.
Meus aposentos, teus.

IV

A Verdade é revelada.
O Gozo é infinito.
Às descobertas do meu tálamo
Declaras-me Mãe.

Puxei-te a esse incesto
A tua vida inteira,
Agora caiamos nele
Pois basta de Amor!

Agora o orgasmo
É a inexistência,
Fácil, certo e belo, como eu.

Mãe infanticida eu.
Lógica e Sentimento recaem em mim.
Meu presente, filhos da Morte!

dia das mães

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Necessidade de um Deus de Gelo

Oh, tu que me desconheces!
Intrínseca ignorante
Estranha minha feição
À ela declama hecatombes leprosas
Vida é meu necromante.

Oh, tu de estirpe inigualável fina!
Inútil fitar-me
Apenas minha alienação te comove
Não sabes que te vejo me vendo
Ressentimento dos teus dotes de desarme.

Oh, tu do fluxo formoso!
Peço-te desculpas
Minha noite de inverno
Ridícula é de rir
Um hino que te insultas.

Oh, tu de destom pálido áureo!
Motejante das minhas crenças
Mas sucumbiste a quem não devia
A repugnância te contaminou
Yggdrasil sombria, caiu em doenças.

Oh, tu dos dons divergentes!
Magnetizou-me com desejo e inveja
Um poder de conquista infalível
Mas a mim joga em desprezo
Yggdrasil sombria sempre te deseja.

Oh, tu, personificação da indiferença!
Demeter nunca se contristeceu
Hades sim, raptou-se na solidão
Thanatos ergueu uma pira fúnebre -
Eris não morreu.

Oh, tu que desconheço!
Romântica alheia
És a perfeição das minhas ambições
Encontro de longe minha amada -
Morte é minha egéria.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Poligamia Poética

Música, minha namorada.
Filosofia, minha mulher.
Psicologia, minha amante.

domingo, 10 de abril de 2011

Liberadora

Doze desesperos por teu dilema
Desabam diluviando minha vida
Idolatrando tua treva, teu lema
Dama das desgraças vencidas

Ampara teu cadáver no meu
Compartilhamos estranhas belezas
Façamos das lágrimas nosso véu,
Refúgio da nossa inimiga natureza

Teu luto tecido é invejável
Morte e Sono pressionam teu amor
O plano tingido é inigualável
Sossega teu ciúme de rubor

Espreita a quem no canto te adora,
Flerte comigo no Inferno, minha Pandora.

domingo, 3 de abril de 2011

Dar asas à Serpente
é dar àquele que sente
Jeito para se expressar,
Voz para falar,
Pena para escrever,
Vez para ser.

domingo, 27 de março de 2011

Cruzada

 - A cruz que usas no pescoço...
   Apenas é um adorno
   ou tu és um sincero crente cristão?
 - Sim, eu acredito. Sinceramente.
 - Mas eu quero removê-la, caso não saibas.
   E nunca mais usar esse atavio de novo!
   Não estás falando estranho, querido?
   Teus olhos estão cerrados tanto...
   Cegos e ébrios pela paciência de Deus.
   Por quê, quê essa imagem continua a dizer
   Enquanto teu Deus conversa cegamente contigo
   por cruzes?
 - Queres me tirar minha cruz pois estás defendendo...
 - Defendendo ninguém!
   Não. É incumbência minha descortinar-te
   de usar o símbolo de uma deídade fraudulenta.
   Minha existência está buscando-a
   A porta secreta que liga à minha verdadeira Criadora.
 - Não precisa de portas para encontrar Deus!!
   Se você acreditar...
 - Acreditar?!
   Tu acreditas que és...
   Deus.
   Olhas em volta neste mundo e vês a bondade Dele...
   Intrigas, pestilências, assasínios, doenças e morte.
   É isso que existe, querido...
 - Há também amor e vida, querida!
 - Apenas para parvos feito você.
   Não. Se existisse um Deus  de amor e vida
   Ele já estaria morto há tempo.
   Alguém...
   louvaria o tormento.

domingo, 13 de março de 2011

Longe dos Teus Portões

Ouça quando digo
Quero sair da calidez
A que vem a ser teu caminho
Espíritos rastejando
Atrás de cada lágrima de medo

Sinta quando vejo
Quero sair da calidez
A que vem a ser eu

Uma chuva desce
Cercando-me no âmago
Uma vasta cova
Funda para te alcançar

Tudo morre
Nada funciona
As coisas vão sem fim

Só quero saber das coisas que se foram
Só quero saber das coisas distantes
E quando escapo
É sempre mais do que posso
Só quero saber das coisas
Quando preciso de ti.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fruitivo

I

Veja só,
Deus está mudo
Muito atento ao momento
Que Lhe rendo esta blasfêmia.

Você acha que foi fácil...
Não sabe o quanto demorou...

Teu silêncio e até Teu sangue
Derramado pelo Teu primogênito
São em vão -
Atirados em esquecimento implacável

Não consegue salvação quem não é Teu filho
Sou um anátema desgraçado
Que te põe pra chorar de remorsos
A cada noite imprecada de trevas
Que omito orações -
E são todas, bem sabes...

Que a condenação para mim
É Redenção.
Assim fico livre da Tua tirania,
Num recanto de selvageria
Feito especialmente para mim.

Senhor, que contradição...

Se todos que enxergo na multidão
Louvam a Ti,
Ou eu devo Te odiar ao infinito
Ou as Tuas lamúrias assim o são.
Assim o maldito se banha
Na tempestade de Tuas lágrimas lamentosas.
Quem consegue parar a chuva mesmo?

De qualquer forma será...

Como Tu permites tamanha insanidade?
Confias deveras no Inferno que me espera?
Onde serei rei?

Veja a lentidão de minhas palavras
Recriminando-Te miseravelmente
Como Tu fizeste com todas as bruxas,
Que rompem os séculos
Na lentidão das minhas palavras.

Vitória sobre Ti,
Amor sem fim.
Inocente e jovem
Os que dele provem

Basta!
Arruinei tua Igreja
Profanei Teus filhos e filhas bastardas.
Num moinho de te encegar
Trapaciei em todos os encontros,
Com minha presença sombria
Obnubladora de saudações -
Insalubres nuvens negras.
Todos os Teus filhos acreditavam
Piamente, até mais do que em Ti.

Pois eu sou pura carne cadavérica
Putrescente na Terra Prometida,
Infiltrando nojo nas narinas
Dos que se ajoelham por Ti -
Ainda oram por mim...
Aprendizado é inexistente...

II

Aprendizado é inexistência
Adentro dela me vou sem dó
Reino de prazeres inalcansáveis.

Morte é Vida.
O que você acredita
Mentira e farsa.
Deus à tua caça.

Acorde maldoso
Durma comigo para sempre!
Durma mal ígnea guia.
Pretexto paradisíaco.
Consome úmida ida
A única que leva
À geleira do Inferno -
Eterno inverno
Onde minha virgem espera.

Em uníssono cantamos:
"Como ser sensível sem ser sem esse véu?
Aqui nos encontramos,
Dádiva da deusa recusa nesse Céu."

Maldição de mil miséria
Linda aliança da linhagem malígnea,
Farta de fés infundadas e infames,
Cria credos de descrença concreta.
Abstração nas trevas, traindo três travas

Loucura é meu perfume predileto
Arde como ácido nos olhos alheios
Ternura dedico a todos os ridículos
Viventes rebelados contra a beleza da natureza
Bíblica da Babilônia dos Teus bla-bla-blas.

Mais uma alvorada corrompe
A lerdeza lastimosa da minha grafia
Hora da retirada para a imortalidade
Através dos portões inferiores -
Os olhos do suicida.

O azul desse céu,
A negritude minha nessa terra,
Contraste doloroso no Teu rosto
Reflexo convexo de miríades meridianas
Escorrendo cor de sangue afora minhas demência.

Morre agora a esperança de Te ver
Agonia sem limites, finalmente...
Nada a ver, Tua eternidade, meu cadáver.
Creia feliz, cada final mente.

Assim como Deus... Eu adoro enganar os outros.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Camponesa

Camponesa suja e fétida,
Dançando melodias hereges e pagãs
Até embriagar-se tépida,
Sejamos irmãs.

Camponesa mal-trapilha
Descarnada, castanho desgrenhado,
Pele do Sol, de mil trilhas,
No rito, culte o Empenhado.

Camponesa teutônica,
Sempre de má fama na aldeia
Causa suspiros amorosos de vômica,
Com este condimento, por favor, uma ceia.

Camponesa de olhos bestiais,
De primeira, lançou-me um sortilégio.
Tua carne é podre mas sem iguais,
Quero lamber dela o privilégio.

Camponesa, criatura incorreta,
Foje ao sabá, bebe sangue, goza outras
Vende-se inteira à Felina Preta,
Nosso tribadismo valerá cada gota.

Camponesa imunda profunda,
Descruza as pernas, conduz a cruz.
No terço da igreja, um meio muda
Saibas, este teu ateísmo me seduz.

Camponesa, escrava do Malígno
Desconfias leis divinas - são dos homens,
Os que, em piedade, dão-te o poste ígneo.
Nele, por ti, arderia desde ontem.

Camponesa filógina,
Das companheiras, espreitas as saias e os contornos
Se com o olhar as despe, de mãos se faz andrógina.
Convido-te ao meu gineceu - floresçamos mil gozos.

Camponesa! Camponesa! Camponesa...
Dos céus abaixo, só tu me queres boa sorte
Teu opróbrio dá-me esta certeza.
Riqueza, o resto, deseja-me de morte.

Camponesa, disparei meu amor pela janela
Quando te vi, e refletiste no rio dos meus olhos.
Sem ti, vida sem nexo, acabem com ela...
Ainda não - não me contento só com o que olho.

Camponesa, repito, adentre meu castelo
Ou então fujirei ao teu tugúrio
Preciso ver de novo o quão teu ser é belo
E no fundo, ritualisticamente, beijemo-nos nesse augúrio.

Camponesa, em nome dos Anjos Caídos,
Devoto a ti, todo meu amor sáfico,
Prazeres por mim, ainda desconhecidos
Preciso desfrutá-lo o mais rápido.

Camponesa, calma, lenta,
Como difícil foi lhe render este arcano.
A mesma que sou, tua alma alenta
Ainda, que leve, para tomá-la um ano.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Call of the Finest

Einherjer, Einherjer
Left your soul and ride with her
Einherjer, Einherjer
Thousand flashes will soothe your nerves

As Heimdall blow his horn
Valkyries was informed
To take the finest souls
Spearing to the final goal!

Increase your strenght
Battle all over the land
Once prepared, face your fate
Stalk through Valhalla's Gate!

Helheim's hordes has raised
Claiming their place by disgrace
Now everyone, gathered and united
No matter the way their souls set side!

Decide
Aside
A tide of blood
Mouth of Chaos'
Gap
Do not forget,
Welcome back to Ginnungagap!

Fell the calling purpose
Blowing in Midgard, like a bleeding rose
Valkyries trend finally unlocked
Dearest failure after Ragnarok!

Um Ano, o Pior dos Animais

O dobro
Perfeito
Um a mais

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Nornas

Eu garanto que não aconteceu nada
Aconteceu o que não aconteceu
Tendo acontecido, aconteceu tudo
Que não tendo acontecido, aconteceu
Acontecerá se quem tecerá
O destino, desfiar o tecido,
Mortalha do Esquecido,
Desafiar quem há de tecer
O que não irá acontecer
Grito mudo desafinado
De quem trama desconfiado
Do tal trama do destino
Desatinado fio fino
Destinado a dissabores
De saber nunca o sabor
Do que acontecerá de mim
Com tecido no frio fim.

Vestes agora o que viste?
Visitas as visitas esquisitas
As vestes às vésperas do insiste.
Atravessa a ponte, quem gritas?
A travessa que se transveste?
A travessa que não se veste?
A travessa se não viste
Atravesse mesmo assim
Por cima para dentro
Adentro abaixo do fim.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Só na Frente do Espelho

Só na frente do espelho
Acredito a lágrima caída,
Orvalho de umidade,
Humilde mil suspiros suicidas.

Só na frente do espelho
O que nunca é, se torna.
Estilhaça-se o conteúdo
E como sempre a forma.

Só na frente do espelho.
Mas há alguém de mim além
Só aguardando minha trincada alma
Para levar do Nastronol aquém.

A quem por tanto esperou
Consorte à sua classe.

Nem na Frente do Espelho

Nem na frente do espelho
Vejo tanta estranheza.
Comemorações alucinadas
Pela cisma da esperteza.

Nem na frente do espelho
Parte-se união tão desconexa.
Não reside poesia nessa casa,
Lei decretada por tolice complexa.

Nem na frente do espelho
Conseguem refletir.
Do contrário, por uma centelha,
Conceberiam a necessidade de partir

O espelho que chorou
Quando viu minha face.