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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Observador do Ódio

Lua mais bela que o Sol
Tábuas pisadas não querem dizer nada
Triângulo invertido - mistério do crisol
Fim na cruz da palavra pregada

Quinhentos e noventa negativo
Círios caninos do guardião tumular ímpio
Sacramento maldições de morto-vivo
Desventuras perenes cego sigo

Gestação do traidor da humanidade
Mando e desmando no alvedrio
Babilônicas gesticulam a maldade
Um dos da mesa traiu

Morte ao Anjo Custódio!

domingo, 22 de maio de 2011

Uma Prece Contra Todos

Oh, anjo da minha sombra!
Nessa hora de solipsismo
Guarde-me nas trevas
Dos mortais de egoísmo

Hel ponha minha alma a caminho
Das vertigens da tentação
Em mim alimente os sonhos
E as sofreguidões do coração

Oh, anjo da minha sombra!
Por mim pede a Virgem de Fogo
Que me atire no abismo
Enquanto for morto

O que sempre acontece
Nunca vem de uma prece

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trevas com Garra

Preto feito opróbrio
É o espinho que fere a si próprio
Pretensioso diante do espelho
Consome-se em dor voltado a si mesmo

Só dói quando toca
A lente que lhe desfoca
Pungente que só, o alente -
A si próprio fere e nem sente

Carne virgem, carne apodrecida
Doendo juntas na mesma ferida
Desejando aquilo que as detêm
O mesmo que ambas têm

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe Morte

I

Jante comigo na fome
Tome os talheres da inanição.
A Vagareza e o Atraso
Logo vem nos servir.

Partindo ou ficando,
Saiba que minha porta é o Precipício
E que descanço na Preocupação.
Suspire esta atmosfera de Vácuo.

O meu castelo é guarnecido
Com o Sofrimento,
Paredes de outros mundos.

Minha esquerda é deteriorada.
Minha direita é virgem.
Assim sou justa - tu me mereces.

II

Cabisbaixa perpétua,
Fito-te forte
Passo feito vento,
Um frio alerta

Gotejo tua vida e nem sentes.
Piscar inevitável, certo e curto.
Foges, mas é hora do Sossego.
Sou dos piscares, o mais definitivo.

Sou tão banal,
Mas gozas só ao falar de mim,
Mas ignora minha vez.

Teu riso é chaga que te faço.
Teu choro é bálsamo que te escorro.
Quanto mais te afastas, menos te livras.

III

Por que meu nome nem falas?
Em mim tomas a inspiração.
Sou as treze cicatrizes que trazes.
Cure-as, jogue na minha Expiração.

A tua vontade é desinteressante
Aonde quer que leve teu rumo,
Tua rota, estrada ou destino,
No fim encontrará meu trono

E finalmente beijas meus pés.
Sem relutâncias inúteis,
Entregues estás.

As desculpas confessas
Aceito inflexível.
Meus aposentos, teus.

IV

A Verdade é revelada.
O Gozo é infinito.
Às descobertas do meu tálamo
Declaras-me Mãe.

Puxei-te a esse incesto
A tua vida inteira,
Agora caiamos nele
Pois basta de Amor!

Agora o orgasmo
É a inexistência,
Fácil, certo e belo, como eu.

Mãe infanticida eu.
Lógica e Sentimento recaem em mim.
Meu presente, filhos da Morte!

dia das mães

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Necessidade de um Deus de Gelo

Oh, tu que me desconheces!
Intrínseca ignorante
Estranha minha feição
À ela declama hecatombes leprosas
Vida é meu necromante.

Oh, tu de estirpe inigualável fina!
Inútil fitar-me
Apenas minha alienação te comove
Não sabes que te vejo me vendo
Ressentimento dos teus dotes de desarme.

Oh, tu do fluxo formoso!
Peço-te desculpas
Minha noite de inverno
Ridícula é de rir
Um hino que te insultas.

Oh, tu de destom pálido áureo!
Motejante das minhas crenças
Mas sucumbiste a quem não devia
A repugnância te contaminou
Yggdrasil sombria, caiu em doenças.

Oh, tu dos dons divergentes!
Magnetizou-me com desejo e inveja
Um poder de conquista infalível
Mas a mim joga em desprezo
Yggdrasil sombria sempre te deseja.

Oh, tu, personificação da indiferença!
Demeter nunca se contristeceu
Hades sim, raptou-se na solidão
Thanatos ergueu uma pira fúnebre -
Eris não morreu.

Oh, tu que desconheço!
Romântica alheia
És a perfeição das minhas ambições
Encontro de longe minha amada -
Morte é minha egéria.