Play music

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

The Stabbed Dove

While you don't comprehend
That I still send
My love to you all
Both of us forever will fall

Between us an unperceived syntony
A deaf-like symphony
Sins never reached
Your lips kissed by a creature

As told me the Holy Ghost
It was time to drift off
A sea of disgusting feelings
Dyed with the blood of coffins
As told me the Holy Ghost!

I said us, but it's only you
My beloved, that makes my heart bleed
My depression always renew
Everytime I think in thee

Far beyond the end of life
I'll wait and build a pantheon
For you, dreams of nights
In case against Heaven, you rise a rebellion

You, the dove praises
While me, laud the raven

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Desengano

Uma vez senti o aroma das tuas entranhas.
Quase desmaiei.
Tantas vezes senti o eflúvio do teu ser.
Inteiro declinei.

Inescapável, ouvi a tua íntima buliçosa pressão.
E delirei.
Imaginativo, fiz dos ouvidos foz do teu fino fluxo.
E desaguei.

Olho rubro, vi vênulas cortarem teu liso rosto.
Sistólico.
Olho claro, lance venoso se artéria o ar teria.
Diastólico.

Jeito, madeixa negra quando labuto em branco.
Acima.
Toque, comovida vida convida o amor da morte.
Abaixo.

Gargalhas? Assim penso como és longe daqui.
Bem feito.
Choras? Nunca penso como és longe daqui.
Mal feito.

Não se sabe, costuro o futuro mas agulho tudo.
Ajude-me.
Nem tu temas, coso teu gozo mas sou inditoso.
Torture-me.

domingo, 28 de novembro de 2010

Ressentimento Firmamento

É tão frio e você vai embora
E quando me ponho em ti, não demora.
Nada a sentir por você
Porque palavras são inúteis.

Presa do meu próprio dizer, você vai.
Você nunca sabe por que o homem chora.
Com um sorriso na alma, você morre.
Você nunca sabe por que a mulher chora.

Sem mais sentimentos por usar tal
E quando as ponho em ti, não demora.
Nada a temer por você,
Essas palavras implacáveis...

Não voe,
Eu vou.

Perto e mais perto
Começamos a nos render,
Para isso somos muito confusos.
Agora,
Não tente ser.
Não tente fugir.

Mas eu sou invencível como a morte,
Não quero embelezar o céu,
Não quer agradá-los?

sábado, 27 de novembro de 2010

Traduzindo

É nozes!!!
Ist Nüsse...
WTF???

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Elixir em Fim

Quando saio daqui
Bebo um elixir.
Desejaria sorrir...

Saudar os homens com pujança,
Tratar as crianças com carinho,
Curvar-me aos idosos com respeito,
Louvar as mulheres com graça...

Só que embora mesmo o Sol
Resplandeça o caminho
Com o impacto de perfulgente alegria,

Encontro as gentes fechadas,
Carrancudas no branco dos olhos,
Bocas de grades cerradas,
Soturnos semblantes de sobrolhos

Escuras feições fatais
Mantêm-se desfiguradas de desprazer.
Varrem a rua mecânicos formais
Desconcertando a beleza no afazer

Não querem dizer palavra alguma
Ou na verdade, debaixo do Sol, não podem?
Pois ante à afronta à frente da bruma
Persignações por trás afugentam a má-sorte

Protejam seus tugúrios com mil sortilégios
Pondo fé na impenetrabilidade dos artefatos.
Escondem-se de todos os sacrilégios
Inclusive da incontestabilidade dos fatos

Melhor que abandonem meu caminho
O Sol revela muito do que não é para ser dito
Nessa largada, os dias definho
Chegada a noite, oro contra o maldito

Não da Via Láctea estou embebido,
Nas calçadas, do bolso tiro sem retinir
O vidro de tudo que foi ido
Passado futuro presente do elixir.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Yah-Hanan

Sei que esbarram
Em ânsias de distância
Mas não me abalam
Nem a circunstância

Agradecimentos e bons-votos
Envio ao âmago de tua alma
O que aconteceu não mais noto
Ouça a música de minhas palmas

Foste a fada na floresta negra:
"Condão, brilho na via, dê-lhe!"
Sim, o ouro do Reno não alegra.

À pesar, o ensino mais valioso -
Graças a você, graças a Ele,
Digo, Deus é gracioso.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sexta Hierarquia - O Principado Eólio

Palavras praguejantes aos pés do paganismo
Evocam hordas de sílfides simbólicas e sagazes
Condensam-se misteriosamente no antro da minha amada,
Ao redor do seu tálamo, dançam e choram cânticos audazes.

Minha horda de discórdia se manifesta e presencia
O ápice do prazer que ela desfruta com seu núbio
Choram mais, banham esse amor hipócrita de veneno
A fim de mortificar a negação do ímpeto rúbeo.

Profeta falso! Imbute teu âmbito nas tuas sagradas!
Acusa-me do que no teu bruto âmago, ressente!
Não é espírito divino algum, é dedução das mais pretensiosas!
Amém todos dizem - minha situação é tão recente...

Contudo, bando de criminosos, para variar estão certos!
Foge o anátema e faz sentir um indiferente rastro de silêncio
Sentem minha falta? Falta grave! Deboche...
Surdo-mudos pentecostais, sequer olham para o denso!

Minhas sílfides derrotadas choram sangue quando as exulto
Evanescem-se abarrotadas de fracassos e destinam-se ao submundo
Aguardem-me calmas, porque estarei convosco servindo à Deusa do Fim,
Blasfemando as divindades, erigindo um panteão às musas desse mundo.

Amada, nem o teu deus chega aonde estou!
Cova de mistérios insondáveis é onde meu ser esboça residência
Sabeis bem, então confiais nas vossas arcangelicais orações para me tocarem.
Gabriéis malditos! Venham! Esquartejarei-vos com a sinistra lâmina de concupiscência.


No final, o Reino da Solitude prevalecerá
Eu e as voluptuosas sílfides uniremos nossas íntimas lágrimas
Na magnânima desolação da fortaleza indestrutível - Helheim.
E vós confinados no templo aéreo de contritas eternas lástimas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Urias de Michelangelo

Imóvel, esculpido em pálido granito,
Moldo-me ao meio parado.
Sempre o mesmo gesto e sorriso perpétuo,
As mãos sobre o colo, acomodando-me ao vazio.
Expresso o mesmo que uma rocha à paisagem.
Sem espírito, sem semblante, sem graça.
Meu escultor é anônimo de tanta vergonha.
Não adorai imagens, irmãos...

Ainda assim chamo mais a atenção que Davi
Aonde vou as pessoas comovo de estatelar,
Também seje de lágrimas ou de raiva
Esta tua reação é cega de vigilância
Como pode o silêncio te aturdir tanto?
Verdade é que vês coisas que não existem
Santidade num pedaço de carne.
Não adorai imagens, irmãos...

Tão inerte, ando até sobre as águas
O concreto é nada, esfarela-se ao pó
E volta ao pó, mantendo-se sempre só
Só uns transeuntes que param, olham e vão
Em vão me movo, é tudo tão mínimo
Ninguém se dá ao desprezo de notar - será?
Será milagre um paralítico a outro salutar.
Não adorai imagens, irmãos...

Palavras movem a pétrea tetraplegia
Nem que seje no motejo da brincadeira.
Vida há muito brota, uma flor saxátil.
Mas afinal todos perderam os sentidos -
O coração de pedra pulsa?
Rebento as ondas e não gero rebento
Arrombe-se a sensibilidade pigmaleônica!
Não adorai imagens, irmãos...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dilema Diário

Desce os olhos aqui não sei porquê.
Esqueça dos versos cada diacrítico
Releguei meu diário ao vazio do esquecer
Enquanto, agora, quem mato é você!

O que fazes diante do nó górdio?
Lamenta por lhe causar um dia crítico?
Complicado achas, na verdade sórdido.
Simples como o diagnóstico de um mal mórbido

Estranho, muito estranho, muito...
Acho essa tua indagação para comigo
Percepção alterada do mundo.

Daqui a milênios talvez uma civilização me descubra.
Apenas se desta eles forem arqui-inimigos
Os mesmos que bradarão e farão com que ela sucumba.

Trevas Caninas

Curva torto a fuça pra frente
Sedento do líquido imundo tão quanto ele

É todo prazer ao lamber os vermes molhados
Reflete na fauce toda aquela miríade feliz

Insaciável por todo o corpo sujo
Não vai parar até secar essa rasa fonte

De repente, por acaso, deixa de lado, farto
Já esquece o manjar bacteriano lhe reservado

Sai limpo, mas preto na essência
Na aparência não menos

O olhar bestial lambe-se
Sem ter noção do ciclo infinito
Que ilumina sua rua

AI

Cabe decidir ao Oceano
O herdeiro da condecoração máxima
Eleição é posta em plano
Sabedoria versus audácia

Sábios foram foram todos - inclusive o derrotado
A maioria optou pelo ilógico aos brutos olhos
Ele incompreendeu e deu-se ao próprio fado.
Já sinto jacto jorrando óleo.

Bálsamo que ao tocar a terra germina
Uma sensível flor feminina
Caligrafando o princípio heróico
Nos plangentes e contrastantes fólios.

Aí, finda-se a muscular comédia -
De verdade, inicia-se a intelectual tragédia.

Encontre Teu Manicômio

Todos marchando para um lugar só
Determinados catatônicos em seus objetivos
Estampando alegria, nunca se dirão sós
Marca visionária eu lhes crivo

Normalidade encarcerada em terapêuticos quintais
Visitas com hora e data cronometradas
Movendo-se pelos cantos, instintivos animais
Complicado mesmo sair pelas entradas

O universal sanatório
O incabível velório
E sequer foi ter-se no consultório!

Deuses da doença mental
Acham de fato o final -
A cura cabal de todo o mal.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Cúmulo da Falta do Que Fazer

Num canto remoto
Aonde seus olhos não enxergam
Eu disse que ia tentar escrever um poema
Se o Tempo permitisse

Implacável, ele não permitiu,
Mas estou tentando,
Estou tentando, tentando...

Mais uma vez estou aqui e você aí,
Será mesmo?
Será que nesse momento algum de nós
Existe de verdade?
Se existe, quem?

Enquanto escrevo aqui,
Muitos vivem por aí.

Daqui a pouco você termina de ler,
Esquece tudo e retoma sua vida
De sei lá quantas preocupações

Enquanto então estarei só preocupado
Em te preocupar mais uma vez
Sem ao certo saber se conseguirei

Viu qual a minha desafortunada função?
Tem gente aqui, tem gente se matando aqui.

Viu, começou de novo, não sei o que escrever!
Me ajuda por favor, eu te dou uma linha,
Uma linha inteira só para ti se quiser, toma:
...

Obrigado pela ajuda, foi de muita serventia.
Não tens noção!
Valeu-me muito a tua poesia,
Mesmo que você  se pergunte se isso é um poema
Por que afinal, rima aqui algum fonema?

Certo, venceu, te enganei, foi um acidente
Não era minha intenção, meu irmão
 - Só se tu me atirares um ovo...

Ah não, pura tentação!
Não é um ovo, é uma maçã!
Não Adão!!

Vai, goza da culpa feliz que nos valeu a redenção.
Pois quem não tem nada pra fazer
Sempre acaba fazendo alguma coisa.
Mesmo que uma delinquência,
O fato de você estar lendo essas linhas
Te diz alguma coisa?

 - Coisa alguma!
Mas se você chegou até aqui
Comece a desconfiar pesadamente
Dessa prosa em verso.

De forma alguma, mefistofélico,
Não é a cruz que está inversa,
E sim você!

Podes ainda alegar que essa estapafúrdia toda
Já está há muito desgastada,
Uma forma utilizada por muitos.
Sim, eu sei, talvez uma pessoa...

Não estou nem aí -
Borre quem pinta,
Jure quem minta,
Leia quem sinta.

Hoje é aniversário de um amigo.
E é você, grande leitor!
São quantos, dezoito?
Então eis aqui o teu presente
Que ausente, mas com carinho te entrego
Nas tuas mãos robustas.

O termo desse torturante Traum...

Espere, ei!!
Não acabei!
Não leu direito, o sonho não acabou!
Nem sei se vai acabar.

Ou...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Elegí-a

Milhares de lágrimas de uma mulher sem máculas
Preenchida até a alma de sentimentos suicidas
Trajada de luto eterno lamenta adentro do inverno
Gélido fatalismo a faz abandonar meros sorrisos
Lua minguante setentrional falciforme
Mira impiedosa o pálido pescoço inocente
Latejando uma miríade venosa desesperada
Curva-se em preces de morte, sábia da própria sorte
À beira de uma fonte cristalina, estremada pela cruz
E em ti outra fonte flui, e outra cruz te pesa

Nada curará essa demasiada dor
Nada abrirá em teus lábios risos
Nada rearranjará essa macilenta depressão

Tua inócua contrição de nada presta
Insólita és, frau, tua oração é vazia
Vazia feito teus tristes olhos anis celestiais

Mas o céu se fechou com cortinas de aço
Não erga os olhos, esqueça o paraíso
Sem cessar os lamentos, tome o cálice
De sangue real que te prostra
Para muito além do campo deste mundo

Aonde as trevas dominam
Aonde o pesar se agrava
Aonde o escoro é a solidão

O mais certo dos caminhos te aguarda
Tão certo quanto teu próximo pecado
Tu e tua sombra são um só ser
Aura sombria te envolve, te mergulha
No mar trincada e pavoroso de escuridão

Rume-se para lá com tuas tristezas
Pois sem perceber nasceram em ti asas negras
Da cor e feição dos teus ânimos.

És agora um anjo soturno
Anjo frágil feito flocos de neve
Descenda e se derreta de leve.
Cruel foram contigo, sem piedade.
Ainda se perguntam por quê...

Estenda tuas tenebrosas asas
E voe para longe do pior dos aeons
Abandone a amargura da vida
Tua última gota de lágrima
Será o cataclisma final dos mortais
Tua última gota de sangue
O manjar dos enófilos deuses

A fonte secou.
A cruz caiu.
Nada lhe resta -
MORRESTE.

Contudo não temas
Esse obscuro lugar é melhor,
E qualquer coisa
Quem te adora lhe renderá uma psicagogia,
Ou como eu, uma elegia.

Uma elejo -
És tu, meu anjo da morte!
Leve-me contigo para a eternidade...
Nas asas de atração sombria,
Longe desse maldito mundo
Aonde ninguém lamenta
Vivendo da mentira e hipocrisia.

Jamais esquça tuas dores,
Tuas lástimas,
Tuas perdas,
Tuas tristezas,
Tuas aflições,
Ressinta-as sempre.
Depois nos évos ressoarás:
"Sou um anjo que elegia."


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Hipnotanático

Quero dormir e não consigo
Quero sonhar e é contigo
Quero que a morte a traga consigo
Quero que ela durma comigo

O Lado Inexistente

Tens certeza de que é uma alvora?
Não seria uma ilusão por ti criada?
Mentiras brilham durante o dia.
Ardem meus olhos tal hipocrisia.

O branco dos olhos agora é vermelho
Pretos depois que a noite veio
Acalmar a distinção flamejante
Pondo-me a par da igualdade brilhante

De um lado a verdade, do outro a mentira
Aqui reina a noite, lá o dia
Mas um lado prevalece

Quando a realidade aparece
Vejo tudo como é
É quando fecho os olhos até...

O fim.

sábado, 16 de outubro de 2010

Dama das Cidades das Trevas

Brotando de uma visão sanguinária
Teu corpo nu banhado de vermelho
De costas, contorcida, vês minha face esquálida

Olhos mortiços, mas não digo velhos
Fitam-me sórdidos e me mesmerizam
Linhas escarlates enfeitam teus cílios

Uma negra cachoeira descende lisa
Nela entremeiam-se lâminas de guerra
Uma incógnita investida

No teu colo aberto, talvez serras,
Martelos, bastões de espinhos, armas brancas
Cortam-te, bélicas insígnias da Terra

Conduza-me ao teu mundo de fatalidades francas,
Invencível reino eritrárquico,
Lá aonde tua sanguinária visão me abranda.

Altar

Um imprevisto.
Garanto que não mais para ti do que para mim.

Adentro a catedral, enfeitada e ansiosa,
Mas estranho um deserto silencioso.
Nenhum murmúrio, nenhum ruído,
Só um misterioso silêncio ouço,
Com esforço, cruzando os dedos
Para que eu esteje errada.
Resbalam-me ao ouvido vozes
Que sussurram aparentes desolações.
A calma não muito dura,
Ergo-me profusa, buscando augúrios.
Refletindo o silêncio que ouvira
Eles são dos piores pensáveis.

Confirmadas as recentíssimas expectativas
Saibo que tu não vens - que surpresa...
Inexpressiva, curvo-me e agradeço,
Nada me resta a deixar a catedral, tão cedo.
A inexpressão se desmancha nos meus passos
Vagarosos, refletindo minha completa desolação.

Desço os degraus e desço em desânimo em mim,
Desditoso imprevisto, desditosa suspresa...
Será que tu sumiste só por quê gosto de ti?
Ânimo? Vontade? Força? Vivacidade?
Não diz-me isso a catedral que se desmancha.
Mancha meu vestido prendado, preparado a ti.

Passei dias empolgada, calma mas apreensiva
Por essa alinça em cima do altar,
Por esse sim de afetuosa sinceridade,
Por esse juramento inexorável aos olhos divinos,
Por esse sacramento de amor mútuo perene
Por esse beijo, prímicias da noite primeira.

Certo, amável, tome teu caminho!
Teu cadáver animou meus sentidos
E agora só há no meu sangue ódio.
Rancor do teu incorrespondido amor
Adorna meu véu, uma rosa negra
E juntas, crescemos à uma nova via

Via ele no altar pagão,
Beijando aquela a quem eu desejo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Alucinação Antropófoba Flebilizante

Não se esqueceram as trevas de mim
Quem se esqueceu fostes tu
Para enxugar as feridas teu escarlatim
Para banhar a vida teu azul

Deslizando linhas latentes e letárgicas
Lembro-me lânguido da tua libidinagem
Flui a fonte de falecidas falas fantásticas
Fluxo fino feito tua íntima foragem

Desejo eterno de narcolepsia
Despertar sempre me asfixia
Delírios intensos e hipnopômpicos

Mesmerizado, náuseas e vômitos
Mesmo mantendo a militância
Máxima da minha da minha extravagância

domingo, 10 de outubro de 2010

Aléia Desventurada

A noite desaba sobre minha cabeça
Perçebo a sombria solidão que me envolve
Ninguém há no caminho que faça com que esqueça -
A maldita lembrança que não se dissolve

Vestido de uma mortalha
Empalideço e vou indo cadavérico
Marchando no fio da navalha
Seguindo só as sombras de um séquito

Minhas esperanças repousam aonde
Os paralelos se encontram
Mas eu nunca chego lá

Fatalmente predestinado monge
Amortalho-me e os tecidos não sangram
A vida inteira - um caminho para cá.

não é o que parece...

melhor que eu não escreva...
que fique no sonho...
foi tão bom, não sei como dizer!

nem estava com vontade de escrever...
impedido pela própria pena...
cada linha uma tortura...

ah, que droga! não sei porquê ainda escrevo!
sem inspiração, sem ânimo, sem sentimento...
tudo se foi, já era, acabou...

você acha mesmo que isso é um poema?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Trevas Caninas

Curva todo torto a fuça pra frente
Sedento do líquido tão imundo quanto ele

É todo prazer ao lamber os vermes molhados
Reflete na fauce toda aquela miríade feliz

Insaciável por todo o corpo sujo
Não vai parar até secar essa rasa fonte

De repente, por acaso, deixa de lado, farto
Já esquece o manjar bacteriano lhe reservado

Sai limpo, mas preto na essência
Na aparência não menos

O olhar bestial lambe-se
Sem ter noção do ciclo infinito
Que ilumina sua rua

Teutônica

Enlutada, és mais bela que a densa noite.
Vestes contrastantes, de um tom sombrio.
Na ausência de cores, apresenta-me tua beleza.

Lábios ensanguentados dão vida
Aos nossos corações, fontes escarlates.
Teu sangue me diz tua linhagem num beijo.

Quase ao chão vai teu áureo véu,
Mais precioso que todo o ouro.
Brilho solar em forma de fios finos.

sábado, 2 de outubro de 2010

A Dúvida de Siegfried

Observando melhor a multidão
Incomo-me infelizmente incomparável
Todos mantêm-se num não
Faces de felicidade infindável

Ruídos, murmúrios, vozes, assobios,
Ouço entre tudo estranhas melodias
Algo me diz algo sombrio -
O enigma do meu dia-a-dia

Afinal qual a última instância de mim...
Agora essa estância me estranha muito.
Quebro o vime - rime e mime,
Pois a ti que, já conturbado, pergunto

Por que teu perfeito trabalho lhe desgosta?
Fico demais instigado, tanto que ainda cismo
Tudo te pergunto mesmo não me dando resposta
Não duvide que desejo profundo um mimetismo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Agora?

Agora não é hora!
É hora de ir embora
Ir para minha senhora
Sem a hora, me dá um fora
Mas tento sem demora
Mais lento vou afora
Pra dentro vou 'a forra
Mas agora me pedes tanto?
Só depois de tanto pranto?
Esconda teu espanto!
Conta no teu canto
O número de quem te adora
Agora.

De Neve

Perdida e nua na neve
Cambaleias tua agonia sem rumo
Sonhando, na mente o testamento já escreves
Leito de morte branco será teu túmulo

Porém no horizonte da alvitude
Avistas a custo um rio rubro
Corra, decline para lá tua finitude
Desespero é esperança dos confusos

Já às margens, joga-se de joelhos
Alumbrada com o fluxo escarlate
A correnteza aviva teu cadáver em vermelho
Venosa revivescência na essência do desparate

Alimento é a ti oferecido
Então, beba desse rúbeo fluxo
Na frieza da natureza nascida
Sugue esse sangue suxo

Mas não sem antes libar àqueles
Que na nascente, morrem por ti
São deuses apaixonados cheios dos seus seres
Fazem da foz no frio, oferenda ao fim

Das gélidas montanhas, dama, ouve-os?
Não, cegos são pois tua palidez emudesce-os
Desgosto vinífero causaste a eles - louve-os!
Tome do teu ensífero verbo o efeito, assim efervesce-os

Ah, ébria! Tudo isso é falta de sobra!
Sentes agora um calafrio de remorso
Turvas vistas nas quais tuas compunções redobras
Incontida elitrorragia aflui o prognóstico

Se vês sem saída - aliás uma só
Atira-se turbada no tumular talvegue
Do branco ao vermelho sem de si dó
Inunda tua funda formosura e diz "me navegue..."

Pois por amor foi tua agonia
Agora, imerges nos abismos do mar.
Que renasças num novo dia!
Para que possa se atentar no amar

de novo

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Onírica

Desejos dos beijos
Na nua lua carne crua
Salgada de sentimentos

Choras não por me achar
Sim por se perder ao se deitar
Aliviando teu vício aqui
Aquiesce teu só ali

Noturno véu descubro
No turvo céu vislumbro
O sabor da sábia esbelta
Delícias adentro do delta

Linda neblina langue
Tão branca, um brinco de sangue
Pendurado perdura perfulgente
Gente não mente no dizer-te avivente

Sem fim és assim para mim
Não tremo à estrela que aquece
Amanhece mas a mente não esquece
A landgravina lenitiva de Berlin

De novo vens tu e tua violência
Branda de braços que abrem
Um velho vidro que desvaira vinolência
Quebranta-me toda ébria - me abrenhe...

Só que foi um sonho só
Desperto e... nem de perto!
Com tato desejo dormir - contigo dama.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nativinte

A doçura da tua mão fez uma chaga incurável
No meu desejoso mas inexpressivo rosto.
Eu até brinquei alimentando esperanças
Mas o disparo não passou disso só.

Bom que agora ao menos finges que existo
Pois naquele dia teu véu foi um duro escudo.
Agora, quando ninguém vê, fito tiras de seda
Que quando presas, libertam teu lado mulher

Debochaste ao me ver na corda bamba.
Sinto muito por esse presente abstrato,
Mas não fui eu quem filosofou desta vez!
Tudo bem... é só uma melodia que sangra em mim.

No escuro todos te jubilavam cantando
Enquanto eu sossegava triste e te enxergava
Extinguindo a chama que bem podia ser a minha.
Relampejou nos meus olhos um sopro de morte.

Um pedaço da tua amargura me deste em mãos.
Toquei-as retribuindo tua educação singela.
O gosto é um sonho eterno de puro amor,
Se pudesse medí-lo aqui seria exatamente um quarto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Teu Bem Queres

Pensei em partir por ti
Teu corpo me consome
Tu, fonte dos meus desejos
Estás me afogando

Fazes-me sangrar aqui e ali
O oceano vermelho dá-me fome
Só saciada por teus intocáveis beijos
Em ondas de meandro

Queres me jogar do penhasco?
Queres me mandar à forca?
Queres me dar estricnina?

Sei que não queres me dar um abraço
Sei que não queres me mandar força
Sei que não queres me jogar menina

sábado, 4 de setembro de 2010

Tanatológico

Morte venha a mim
Meus sofrimentos são sem fim
Persistir nessa existência
Um ato de demência

Caminho rumo ao termo
Pesaroso e enfermo
Desejando logo o cessar
Desse martírio de azar

Tristeza preenche minh'alma
Viver é um trauma
Imposto pelo destino
Dentro dele me fino

Derrubando a resistência
Rastejo-me na desistência

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vício de Entusiasmo

Vês agora meu pranto desatado?
Cada lágrima por ti ajoelhado?
Quase morrendo aos poucos
Vivo com desejos soltos

No entanto jazes tu indiferente
Presa por teus instintos ardentes
A um coração que tanto anseias
Cega a ele por suas veias

Depressão desabrocha por dentro
Cadáver prostrado em marasmo
Sangue compassa meu centro

Percebendo-os, padeço em desespero
Sentindo um vício de entusiasmo
Que me quebranta quando te quero

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Violino do Braço

O violino está preparado
Trêmula, ela toma o arco
A melodia do que será ceifado
Ela medita com pulso fraco.

Difícil a música fatal
O próprio corpo sente
Cada nota tonal
Rasgando pungente

Enfim a elegia jorra
Sem medo das feridas abertas
Gozando o sangue, a forra

Ela não precisa falar
O som rompe suas tristezas certas
Tingindo de escarlate o ar.

domingo, 15 de agosto de 2010

Morte em Ti

Pensou que ia esquecer?
Aquela presença tormentosa
Não mais me deixa ser
Dentro da mente tortuosa

Vivo sempre lúgubre
Quando penso em ti
Ser é ser fúnebre
Condenado em si

Mate-me antes que eu morra
Adague-me com tuas palavras
Fuja antes que eu corra

Não encontro outra cova
Meu sepulcro tu lavras
Preparando a boa nova

terça-feira, 15 de junho de 2010

Deserção Dourada

Rio -
De lágrimas abaixo meus olhos,
De sangue afora meu coração.
 
Amor natimorto...
Teus abraços a mim
Mas os beijos ao outro
Vi este nascimento.
 
Não me abraces assim
Se não queres a mim
 
Um nó de dúvidas foi desatado
E apertou meu coração
Ver-te agora sempre ao lado de outro
Deprimindo minhas veias cada vez que te via
 
Parecia que era para mim,
Encantar-me com teu sorriso jovial
Ondular-me nos teus quadris delicados
Mesmerizar-me com tua presença meiga
 
Irônica triste lástima filosófica -
o que parece nunca é
 
Chorei e como chorei em cima do teu túmulo.
Angustiei-me olhando para a tua cruz.
Salgadas gotas nada florescem.
Possibilidade tornou-se melancólicos sonhos...
 
Mas depois dessa morte`
É chegada a hora de procurar
Uma nova cova.
 
Sinto que no paraíso onde vives
Fui punido pelo Destino,
Não há caminhos -
e não aceito O caminho.
 
Aceito sim a punição -
O que há abaixo dos céus ao meu bel prazer
Todos os meus delírios sobreponho
No meu caminho
Preenchido pelo Livre Arbítrio.
 
A Deus a ti, a Deus ao outro -
A Deusa a mim.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pudreturos sonfriam gartegalhos
Asfo tem virvépes em trispiência
Nurzem báquidos, excemassulham
Conturjam desmiosferes sem ausvertar