Play music

domingo, 28 de novembro de 2010

Ressentimento Firmamento

É tão frio e você vai embora
E quando me ponho em ti, não demora.
Nada a sentir por você
Porque palavras são inúteis.

Presa do meu próprio dizer, você vai.
Você nunca sabe por que o homem chora.
Com um sorriso na alma, você morre.
Você nunca sabe por que a mulher chora.

Sem mais sentimentos por usar tal
E quando as ponho em ti, não demora.
Nada a temer por você,
Essas palavras implacáveis...

Não voe,
Eu vou.

Perto e mais perto
Começamos a nos render,
Para isso somos muito confusos.
Agora,
Não tente ser.
Não tente fugir.

Mas eu sou invencível como a morte,
Não quero embelezar o céu,
Não quer agradá-los?

sábado, 27 de novembro de 2010

Traduzindo

É nozes!!!
Ist Nüsse...
WTF???

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Elixir em Fim

Quando saio daqui
Bebo um elixir.
Desejaria sorrir...

Saudar os homens com pujança,
Tratar as crianças com carinho,
Curvar-me aos idosos com respeito,
Louvar as mulheres com graça...

Só que embora mesmo o Sol
Resplandeça o caminho
Com o impacto de perfulgente alegria,

Encontro as gentes fechadas,
Carrancudas no branco dos olhos,
Bocas de grades cerradas,
Soturnos semblantes de sobrolhos

Escuras feições fatais
Mantêm-se desfiguradas de desprazer.
Varrem a rua mecânicos formais
Desconcertando a beleza no afazer

Não querem dizer palavra alguma
Ou na verdade, debaixo do Sol, não podem?
Pois ante à afronta à frente da bruma
Persignações por trás afugentam a má-sorte

Protejam seus tugúrios com mil sortilégios
Pondo fé na impenetrabilidade dos artefatos.
Escondem-se de todos os sacrilégios
Inclusive da incontestabilidade dos fatos

Melhor que abandonem meu caminho
O Sol revela muito do que não é para ser dito
Nessa largada, os dias definho
Chegada a noite, oro contra o maldito

Não da Via Láctea estou embebido,
Nas calçadas, do bolso tiro sem retinir
O vidro de tudo que foi ido
Passado futuro presente do elixir.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Yah-Hanan

Sei que esbarram
Em ânsias de distância
Mas não me abalam
Nem a circunstância

Agradecimentos e bons-votos
Envio ao âmago de tua alma
O que aconteceu não mais noto
Ouça a música de minhas palmas

Foste a fada na floresta negra:
"Condão, brilho na via, dê-lhe!"
Sim, o ouro do Reno não alegra.

À pesar, o ensino mais valioso -
Graças a você, graças a Ele,
Digo, Deus é gracioso.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sexta Hierarquia - O Principado Eólio

Palavras praguejantes aos pés do paganismo
Evocam hordas de sílfides simbólicas e sagazes
Condensam-se misteriosamente no antro da minha amada,
Ao redor do seu tálamo, dançam e choram cânticos audazes.

Minha horda de discórdia se manifesta e presencia
O ápice do prazer que ela desfruta com seu núbio
Choram mais, banham esse amor hipócrita de veneno
A fim de mortificar a negação do ímpeto rúbeo.

Profeta falso! Imbute teu âmbito nas tuas sagradas!
Acusa-me do que no teu bruto âmago, ressente!
Não é espírito divino algum, é dedução das mais pretensiosas!
Amém todos dizem - minha situação é tão recente...

Contudo, bando de criminosos, para variar estão certos!
Foge o anátema e faz sentir um indiferente rastro de silêncio
Sentem minha falta? Falta grave! Deboche...
Surdo-mudos pentecostais, sequer olham para o denso!

Minhas sílfides derrotadas choram sangue quando as exulto
Evanescem-se abarrotadas de fracassos e destinam-se ao submundo
Aguardem-me calmas, porque estarei convosco servindo à Deusa do Fim,
Blasfemando as divindades, erigindo um panteão às musas desse mundo.

Amada, nem o teu deus chega aonde estou!
Cova de mistérios insondáveis é onde meu ser esboça residência
Sabeis bem, então confiais nas vossas arcangelicais orações para me tocarem.
Gabriéis malditos! Venham! Esquartejarei-vos com a sinistra lâmina de concupiscência.


No final, o Reino da Solitude prevalecerá
Eu e as voluptuosas sílfides uniremos nossas íntimas lágrimas
Na magnânima desolação da fortaleza indestrutível - Helheim.
E vós confinados no templo aéreo de contritas eternas lástimas.

domingo, 7 de novembro de 2010

Urias de Michelangelo

Imóvel, esculpido em pálido granito,
Moldo-me ao meio parado.
Sempre o mesmo gesto e sorriso perpétuo,
As mãos sobre o colo, acomodando-me ao vazio.
Expresso o mesmo que uma rocha à paisagem.
Sem espírito, sem semblante, sem graça.
Meu escultor é anônimo de tanta vergonha.
Não adorai imagens, irmãos...

Ainda assim chamo mais a atenção que Davi
Aonde vou as pessoas comovo de estatelar,
Também seje de lágrimas ou de raiva
Esta tua reação é cega de vigilância
Como pode o silêncio te aturdir tanto?
Verdade é que vês coisas que não existem
Santidade num pedaço de carne.
Não adorai imagens, irmãos...

Tão inerte, ando até sobre as águas
O concreto é nada, esfarela-se ao pó
E volta ao pó, mantendo-se sempre só
Só uns transeuntes que param, olham e vão
Em vão me movo, é tudo tão mínimo
Ninguém se dá ao desprezo de notar - será?
Será milagre um paralítico a outro salutar.
Não adorai imagens, irmãos...

Palavras movem a pétrea tetraplegia
Nem que seje no motejo da brincadeira.
Vida há muito brota, uma flor saxátil.
Mas afinal todos perderam os sentidos -
O coração de pedra pulsa?
Rebento as ondas e não gero rebento
Arrombe-se a sensibilidade pigmaleônica!
Não adorai imagens, irmãos...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dilema Diário

Desce os olhos aqui não sei porquê.
Esqueça dos versos cada diacrítico
Releguei meu diário ao vazio do esquecer
Enquanto, agora, quem mato é você!

O que fazes diante do nó górdio?
Lamenta por lhe causar um dia crítico?
Complicado achas, na verdade sórdido.
Simples como o diagnóstico de um mal mórbido

Estranho, muito estranho, muito...
Acho essa tua indagação para comigo
Percepção alterada do mundo.

Daqui a milênios talvez uma civilização me descubra.
Apenas se desta eles forem arqui-inimigos
Os mesmos que bradarão e farão com que ela sucumba.

Trevas Caninas

Curva torto a fuça pra frente
Sedento do líquido imundo tão quanto ele

É todo prazer ao lamber os vermes molhados
Reflete na fauce toda aquela miríade feliz

Insaciável por todo o corpo sujo
Não vai parar até secar essa rasa fonte

De repente, por acaso, deixa de lado, farto
Já esquece o manjar bacteriano lhe reservado

Sai limpo, mas preto na essência
Na aparência não menos

O olhar bestial lambe-se
Sem ter noção do ciclo infinito
Que ilumina sua rua

AI

Cabe decidir ao Oceano
O herdeiro da condecoração máxima
Eleição é posta em plano
Sabedoria versus audácia

Sábios foram foram todos - inclusive o derrotado
A maioria optou pelo ilógico aos brutos olhos
Ele incompreendeu e deu-se ao próprio fado.
Já sinto jacto jorrando óleo.

Bálsamo que ao tocar a terra germina
Uma sensível flor feminina
Caligrafando o princípio heróico
Nos plangentes e contrastantes fólios.

Aí, finda-se a muscular comédia -
De verdade, inicia-se a intelectual tragédia.

Encontre Teu Manicômio

Todos marchando para um lugar só
Determinados catatônicos em seus objetivos
Estampando alegria, nunca se dirão sós
Marca visionária eu lhes crivo

Normalidade encarcerada em terapêuticos quintais
Visitas com hora e data cronometradas
Movendo-se pelos cantos, instintivos animais
Complicado mesmo sair pelas entradas

O universal sanatório
O incabível velório
E sequer foi ter-se no consultório!

Deuses da doença mental
Acham de fato o final -
A cura cabal de todo o mal.