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terça-feira, 3 de abril de 2012

Tudo Menos o Nada

Recuperando o que sequer perdi.
O nada machuca,
é uma arma fria
que mantenho comigo há tempos
e às vezes resolvo emprestar
a pessoas que se ofendem
e a devolvem com ferozes rostos.
Eu não posso fazer nada...
Está dentro de mim,
um vácuo,
preenchido seja por pejo ou desejo.
Quando se preenche é quando eu o empresto.
Se conheço o desfecho,
por que continuo?
Já disse o que posso fazer...
O nada me consome,
o mesmo nada que criou
tua aversão me tira da razão.
Nada vejo no teu rosto
e no entanto nada me impede
senão esse mesmo nada.
Eu nado na dor
desse rio vazio
e ascendo na neblina púrpura
de miríades perjuradas no horizonte
e só eu sei que isso nada é.
Mas quando o rio se enche
com uma maré de vergonha
todos vêem e ninguém se cala.
O murmúrio é mais tresloucado que esse nada,
ressoa nos cantos,
volta, se esconde, e caso ninguém o ouça,
tenha certeza que ao menos ele ecoa
e isso já basta para preencher
esse nada que aliena-se do meu.
Eu testo o eco;
quanto mais berro mais doem meus ouvidos.
Depois de tudo
nem posso agradecer por nada que me reservaste,
para ter o prazer de te ouvir dizendo
"de nada".

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