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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De Neve

Perdida e nua na neve
Cambaleias tua agonia sem rumo
Sonhando, na mente o testamento já escreves
Leito de morte branco será teu túmulo

Porém no horizonte da alvitude
Avistas a custo um rio rubro
Corra, decline para lá tua finitude
Desespero é esperança dos confusos

Já às margens, joga-se de joelhos
Alumbrada com o fluxo escarlate
A correnteza aviva teu cadáver em vermelho
Venosa revivescência na essência do desparate

Alimento é a ti oferecido
Então, beba desse rúbeo fluxo
Na frieza da natureza nascida
Sugue esse sangue suxo

Mas não sem antes libar àqueles
Que na nascente, morrem por ti
São deuses apaixonados cheios dos seus seres
Fazem da foz no frio, oferenda ao fim

Das gélidas montanhas, dama, ouve-os?
Não, cegos são pois tua palidez emudesce-os
Desgosto vinífero causaste a eles - louve-os!
Tome do teu ensífero verbo o efeito, assim efervesce-os

Ah, ébria! Tudo isso é falta de sobra!
Sentes agora um calafrio de remorso
Turvas vistas nas quais tuas compunções redobras
Incontida elitrorragia aflui o prognóstico

Se vês sem saída - aliás uma só
Atira-se turbada no tumular talvegue
Do branco ao vermelho sem de si dó
Inunda tua funda formosura e diz "me navegue..."

Pois por amor foi tua agonia
Agora, imerges nos abismos do mar.
Que renasças num novo dia!
Para que possa se atentar no amar

de novo

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