Play music

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Elixir em Fim

Quando saio daqui
Bebo um elixir.
Desejaria sorrir...

Saudar os homens com pujança,
Tratar as crianças com carinho,
Curvar-me aos idosos com respeito,
Louvar as mulheres com graça...

Só que embora mesmo o Sol
Resplandeça o caminho
Com o impacto de perfulgente alegria,

Encontro as gentes fechadas,
Carrancudas no branco dos olhos,
Bocas de grades cerradas,
Soturnos semblantes de sobrolhos

Escuras feições fatais
Mantêm-se desfiguradas de desprazer.
Varrem a rua mecânicos formais
Desconcertando a beleza no afazer

Não querem dizer palavra alguma
Ou na verdade, debaixo do Sol, não podem?
Pois ante à afronta à frente da bruma
Persignações por trás afugentam a má-sorte

Protejam seus tugúrios com mil sortilégios
Pondo fé na impenetrabilidade dos artefatos.
Escondem-se de todos os sacrilégios
Inclusive da incontestabilidade dos fatos

Melhor que abandonem meu caminho
O Sol revela muito do que não é para ser dito
Nessa largada, os dias definho
Chegada a noite, oro contra o maldito

Não da Via Láctea estou embebido,
Nas calçadas, do bolso tiro sem retinir
O vidro de tudo que foi ido
Passado futuro presente do elixir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário